Foi há um ano: a incerteza, o medo, o rumor e a bruma pesada da pandemia tocavam o país, a nossa aldeia e o nosso Lar.
Um ano depois recordamos as palavras na primeira de muitas reuniões com as colaboradoras: ” Neste momento difícil, precisamos de ter cabeça fria, coração quente e vontade de ferro. Temos de aprender, de conhecer o que aí está e como lutar e vencer o vírus. Para isso, exige-se de nós pensamento, razão e nada de alarmismos. Neste tempo de distanciamento, de receio de darmos a mão e o abraço, o coração quente conforta através da palavra amiga e atenciosa, reforça o humanismo, a simpatia e o prazer de fazermos bem pelo Bem Comum. Não sabemos quanto vai durar este tempo ruim, por isso precisamos de ser resistentes e de termos vontade de ferro para aplicarmos medidas difíceis se forem necessárias”.
Chegámos cá (Falta quanto?) e todos juntos. Nenhum ficou para trás por causa da Covid-19. Quando a normalidade das notícias eram os surtos nos lares de idosos, verificávamos, pela enésima vez, o nosso Plano de Contingência, reforçávamos a equipa de trabalho, aumentávamos os equipamentos e meios de proteção, voltávamos à formação e sensibilização das colaboradoras, rezámos algumas vezes. Às colaboradoras, por terem assumido a proteção própria e a defesa dos utentes como uma questão de honra, se deve atribuir parte do mérito de, ao fim de um ano, não termos tido nenhum caso de contaminação nem nos utentes, nem no pessoal.
Juntos resistimos até agora e a conclusão do processo de vacinação, bem como as decisões de desconfinamento faseado colocam a Instituição, os utentes e suas famílias, as colaboradoras e os órgãos dirigentes noutro plano, embora com a mesma exigência de medidas de distanciamento, higiene, proteção e animação social. Há, agora, felizmente, possibilidade e dever de voltarmos a modelos de organização e de trabalho mais próximos da normalidade.
É que 2020 não foi apenas o ano da pandemia, do afastamento dos utentes e seus familiares, dos problemas de saúde, da dissolução de afetos, do agravamento das dependências. (Felizmente, no nosso Lar, o estado de saúde geral médio dos idosos tem sido estável, a avaliar pelo número de falecimentos, ocorrências hospitalares de urgência, consumo de antibióticos e diagnósticos de casos do foro respiratório-pulmonar).
2020 foi igualmente um péssimo ano nas contas da Arpaz, o pior ano de sempre. Aumentaram as despesas com Recursos Humanos (contratámos mais oito para trabalhar em espelho), cresceram os gastos com mercadorias e fornecimentos externos, os consumos com eletricidade, água, gás, produtos e acessórios de higiene e limpeza. Por outro lado, diminuíram as receitas, porque não houve apoios financeiros para os gastos da Covid e fomos forçados a ter camas desocupadas para assegurar quartos de isolamento ou de quarentena, para a eventualidade de algum utente ou funcionário ficar contagiado.
Estamos seguros de que precisamos de retomar a normalidade da organização e do trabalho e a regularidade financeira, garantia de bons serviços com funcionárias competentes, bem formadas e emocionalmente empenhadas no serviço aos utentes.
Para isso, i.e., para evitar a degradação dos serviços, vamos proximamente decidir uma actualização dos valores mensais pagos, nos contratos anteriores a 2020, o que aliás nunca foi feito, embora previsto.
Noutro ponto, temos a convicção de que o distanciamento terá de continuar nas instalações do Lar e vemos a necessidade de adaptar o regulamento de visitas ao tempo pós Covid.
Por isso, assim que seja possível sem riscos e com todas as medidas de segurança, iremos ouvir, em momentos separados, as colaboradoras do Lar e os familiares dos utentes. E reunir a assembleia geral de sócios para apreciar as Contas de 2020 e estabelecer as medidas de normalização que forem necessárias.
Todos juntos encontraremos os melhores caminhos.
A Direção 17 Março 2021